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A série de ataques que têm acontecido nos últimos dias são
actos lamentáveis, em relação aos quais as autoridades devem ter uma estratégia
de combate e prevenção. Mas qual será a melhor estratégia a seguir de forma a reduzir
ao mínimo possível a ocorrência deste tipo de acções ‘extremistas’? A principal
questão que deve ser respondida tem a ver com as motivações por trás destes
actos, pois a compreensão da génese destas acções é o primeiro passo para uma
estratégia eficaz de combate e prevenção.
Parece trivial dizer isto, mas ninguém parece estar
interessado em responder a esta questão, nem por parte das populações
afectadas, nem muito menos das autoridades. Por trás de uma acção ‘extremista’
há sempre uma história para contar, e a comunicação social e autoridades não
estão interessadas em conhecer e, muito menos, em partilhar essa história.
Aquilo que nos é dado numa bandeja resume-se a um argumento rasca hollywoodesco,
que começa com um acto tenebroso, passa pela perseguição com algum suspense, e
acaba com o happy end da ‘neutralização’ dos maus da fita.
Mas quando os perpetradores destes actos são mortos, a fonte
mais fidedigna de informação é eliminada, restando apenas alguns testemunhos de
conhecidos ou familiares e a memória virtual das redes sociais e telemóveis. Mas
isso é pouco, muito pouco, para se descobrir aquilo que motivou aquelas acções. Conhecendo
as motivações, podemos distinguir claramente um atentado terrorista de outro
tipo de acções ‘extremistas’, distinguindo motivações pessoais de motivações
políticas ou religiosas. Conhecendo as motivações, podemos perceber porque
aquilo aconteceu, porquê ali, porquê agora. Conhecendo as motivações, as autoridades e as populações poderão combater o problema na sua raiz, e não reagir de forma automática e inconsciente.
Mas não devemos confundir motivações com intenções. Por natureza, estas últimas não são comprováveis nem verificáveis. Excepto no caso de haver uma investigação em curso, e existirem provas materiais e irrefutáveis da preparação de actos criminosos. Mas prender primeiro, e investigar depois, é algo inaceitável num regime com base no primado do Direito. Quando as autoridades policiais e judiciais prenderem pessoas por tempo indeterminado, sem acusação, com base em possíveis intenções, saberemos que já deixámos de viver num regime democrático. E será uma questão de tempo as autoridades virem bater à nossa porta.
Mas não devemos confundir motivações com intenções. Por natureza, estas últimas não são comprováveis nem verificáveis. Excepto no caso de haver uma investigação em curso, e existirem provas materiais e irrefutáveis da preparação de actos criminosos. Mas prender primeiro, e investigar depois, é algo inaceitável num regime com base no primado do Direito. Quando as autoridades policiais e judiciais prenderem pessoas por tempo indeterminado, sem acusação, com base em possíveis intenções, saberemos que já deixámos de viver num regime democrático. E será uma questão de tempo as autoridades virem bater à nossa porta.
R. entregou uma pizza #àcoçador