terça-feira, 1 de novembro de 2016

Um apontamento sobre o documentário "Before the flood"

Fotografia: The Guardian
Algumas considerações a propósito do documentário da National Geographic "Before the Flood" que estreou ontem.
 
1. Um documentário destes não pode ter erros científicos básicos, como confundir metros com pés (o que dá diferenças de 1/3 nas taxas de degelo glaciar) ou colocar o número de átomos das fórmulas químicas em expoente. Estes erros descredibilizam a informação científica apresentada...
 
2. O documentário é interessante mas não acrescenta nada à discussão. As alterações climáticas são factos comprovados. O que se devia discutir era o contributo do Homem para essas alterações climáticas. Essa discussão não é feita porque até agora nunca foi possível contabilizar. Isto tem que ser dito, quando se discute esta temática.
 
3. Gostei da forma como a temática foi abordada em termos políticos mas também aí foi muito redutor. O grande contributo, a meu ver, foi dado para senhora indiana (perdoem-me que já não me lembro quem era) que conseguiu colocar as questões certas.
 
4. O grande trunfo deste documentário foi abordar temáticas que necessitam urgentemente de respostas, como os refugiados ambientais, a falta de água e alimento para uma população crescente ou a forma como os governos devem gerir as alterações do nível médio das águas do mar. Ainda assim, um documentário promovido pela ONU deveria ter dado um maior enfoque aos refugiados ambientais que já são aos milhares no planeta Terra. Bangladesh, Kiribati, Maldivas, Tuvalu já estão a desaparecer...
 
5. A questão dos lóbis das petrolíferas foi bem mostrado (embora houvesse ainda muito mais para se dizer) mas faltou falar também dos lóbis das energias renováveis. Nesta temática não há inocentes daí que seja um tema tão político e cada vez menos científico (o que é uma pena porque saímos todos a perder).
 
6. O documentário não acrescenta grande informação, já que há outros bem mais completos como "Os seis graus que podem mudar o mundo" (sobre os impactos no clima e nas populações das alterações climáticas), "Ouro Azul" (sobre a falta de água no planeta e o controle económico e político destes recursos) ou o "Home" (sobre a transformação do planeta Terra desde que o Homem começou a libertar para a atmosfera quantidades absurdas de carbono, decorrentes da queima de combustíveis fósseis).
 
CONCLUSÃO: Ainda assim considero que o filme é um bom documentário e que merece, e deve, ser visto por todos, já que as Alterações Climáticas são inegáveis. Há praticamente unanimidade na comunidade científica em aceitar que o clima está a mudar. Ainda que o contributo humano não possa ser medido, e não se consiga estabelecer correlação entre uma coisa e outra (por falta de valores e parâmetros num passado geológico), é muito provável que o Homem tenha um papel determinante nesta equação. Com ou sem certezas do contributo humano, compete ao Homem fazer o possível para minimizar o seu efeito no planeta. E, acima de tudo, compete ao Homem, dotado de inteligência e consciência, cuidar da casa que habita, limpando-a e tornando-a sustentável, sabendo que a Terra é a nossa única casa. 

 

Para quem quiser ver o filme na íntegra, a National Geographic disponibilizou o filme completo no You Tube. Aqui fica o filme.

 

 
C. entregou uma pizza #à centrão bipolar 

Sem comentários:

Enviar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...